Pensamento
navega num mar de incertezas ancorando memórias desfeitas, gritos de
marinheiros perdidos procuram a direção do cais, uma bússola desgovernada orienta
o caminho errante, tristes cantos, canto ausente.
A
lua agigantada pelo cheio se desfaz e chove nesse canto de sereia triste, chove
tempestiva lembrança, naufragada também nesse barco de mim... Sou assim,
onda vazia carregada sem rumo, onda vazia perdida no mundo, sal e dor.
Se
eu soubesse definir esses tombos, assombros que ferem retinas, assombros que
balançam paredes abandonadas como a velha casa esquecida, são as águas borbulhantes
desse querer de dentro, dessa fonte paz, desse poço aberto que pedem por hora a
paz.
São
essas águas que levam, que descem, que rolam o pensamento, que procuram
histórias perdidas em garrafas pelo mar, as minhas garrafas ilhadas no ousar
distante...
As
minhas garrafas sem luar!
E
o pensamento navega...