Gosto constante de cheiros a fluírem Tateáveis a olho nu Gosto de pele De semente cru De desejo estampado De terra adubada De plantio de sonhos e palavras
Reunião da alma, mente e coração Eus a falar de gente O que cada parte de mim sente Eus a avaliar a vida A levantar das recaídas A andar com o pé no chão Eus a voar pelo caminho A soltar o destino E ter comigo a imensidão Eus a ver do lado de fora A ver o inverso de tudo O avesso do mundo Eus a emoldurar as angústias Os sentimentos contidos A revelar o oprimido Mas quem será que sou eu? Que ando a me procurar? Eus dentre tantos, há que um encontrar. Seria a imagem retida no espelho Um menino a dobrar os joelhos Fragmentos de sonhos, fantasias. Verdades, mentiras Veneração e ilusão Eus que se quebram E se unem Mas que vive em função De um grande coração...
Inquieta, porque os vazios? A alma pede ajuda, aflinge-se na solidão das horas. Revela-se inerte a tudo e a todos Há um gosto de chuva aqui dentro Misturada a terra seca, esperando o colorir dos sonhos que vem no arco do céu.
Hoje há palavra queimando Toques de pureza e limpidez escorrida na face como rios transparentes... Há cores apagadas e molhadas, Palavras desidratadas sorvidas desse rio que deságua sem parada... Há palavras encharcadas, acesas Reveladas à luz de velas na escuridão...